Sexta, 19 de Abril de 2024
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O jornalista Vasconcelo Quadros no dia 30/07/2007 realizou uma reportagem com o nome O PESADO CUSTO DA ANISTIA (extlink_2veja aqui a reportagem na íntegra ), dizendo indenizações milionárias, que fizeram fortunas de perseguidos políticos e ainda colossal fortuna de R$ 28.878 milhões, se tal cifra chegou foi pelo não cumprimento da Lei da Anistia promulgada pela Constituição de 1988 e até hoje parcialmente atendida.

O jornalista Vasconcelo Quadros não se deu ao trabalho de conhecer a história de cada citado em sua reportagem, ao contrário, tratou a todos como se fossem uns aproveitadores do ERÁRIO PUBLICO usando termos debochados e ofensivos tais como: receberam uma bolada, abocanharam altas somas.

Entre os citados está meu pai Maj. Brig. do Ar ref Rui Barbosa Barbosa Moreira Lima e não como na reportagem a maior indenização entre eles foi concedida a Rui Barbosa Moreira Lima, como se fosse um qualquer e não um homem com 88 anos de idade e quase outro tanto de SERVIÇOS PRESTADOS ao PAÍS e continuando apesar da idade ainda a prestar! Vamos um pouco a história do meu pai, extremamente resumida:

1º Combateu na Itália com o Primeiro Grupo de Caça (Senta a Pua) realizando 94 missões de guerra com condecorações de bravura nacionais e estrangeiras.

2º No Brasil foi um dos pioneiros da implantação da aviação à jato militar, quando a FAB adquiriu 70 caças bi-reatores (Gloster Meteors) na Inglaterra no início de 1953. Em tempo: as empresas Varig, Cruzeiro do Sul, VASP e Panair do Brasil somente começaram a voar jato no ano de 1954.

3º Participou da campanha do Petróleo é Nosso que resultou na criação da Petrobrás.

4º Comandou parte das tropas legalistas no Brasil Central contra os golpistas de Jacareacanga e Aragarças, na tentativa de golpe promovido por oficiais da Aeronáutica para derrubada do governo legítimo do Presidente Juscelino. Após a derrocada dos golpistas meu pai os tratou de forma respeitosa, coisa mais tarde esquecida pelos mesmos golpistas.

5º Em abril de 1964 como Comandante da Base Aérea de Santa cruz recusou a participar do GOLPE DE PRIMEIRO DE ABRIL DE 1964, respeitando seu juramento a NAÇÃO de OFICIAL "JURO DEFENDER ÀS INSTITUIÇÕES AO CUSTO DA PRÓPRIA VIDA". Por cumprimento a este juramento, foi cassado duas vezes; cassaram-lhe a carreira e a profissão, impediram - no de voar por 17 anos. Durante os anos de chumbo foi preso três vezes , sendo que na última, os algozes esqueceram os regulamentos militares, sendo preso violentamente em seu escritório por oito sargentos em trajes civis, que se apresentaram como homens do DOI-CODI, meteram-lhe um capuz e o levaram para uma cafua no Regimento Motorizado de Campinhos. Não fosse por ação de ex-combatente da FEB Gal. Sinzeno Sarmento e talvez meu pai tivesse a mesma sorte do jornalista Herzog, assassinado no DOI-CODI de São Paulo. Meu pai tinha em abril de 1964, 45 anos com um total próximo de oito mil horas de vôo, com a experiência de  315 hs de combate na Campanha da Itália, cerca de 3.500 hs, a maioria no CORREIO AÉREO NACIONAL (CAN), mais de 1.500 hs de caça (500 a jato), piloto de Viscount quadrimotor turbo-hélice no Grupo de Transporte Especial (GTE) e por aí vai. Ele e mais meia centena de companheiros da FAB foram impedidos de voar vítimas dessa segunda cassação, fruto de duas Portarias Reservadas, cada uma assinada por dois ilustres Ministros da Aeronáutica da época: Brigadeiro Wanderley e Brigadeiro Eduardo Gomes.

6º Com a nova Constituição de 1985, o Art. 181 da Constituição revolucionária de 1969, que impedia os cassados que requeressem qualquer direito ADMINISTRATIVO ou INDENIZATÓRIO, meu pai entrou na Justiça Comum, requerendo o direito de duas promoções que lhe foram negadas a partir do Ato Institucional número 01: Serviço de Guerra (94 missões de guerra na Itália e 19 de Patrulha do Atlântico Sul) e tempo de serviço na FAB (38 anos e 8 meses). O processo durou três anos. Foi promovido a Major Brigadeiro. Pelo que reza a  Constituição de 1988, tem o direito a promoção a Tenente Brigadeiro (General de 4 Estrelas). Sua luta permanece.

7º Ainda sob a perseguição da feroz Ditadura, em sua última prisão a realização pelo DOI-CODI eu também fui preso como refém. Preso não, SEQUESTRADO é o termo. Os executores da ação estavam em trajes civis e somente um identificou-se como sargento. Caso o jornalista Vasconcelo Quadros queira conhecer melhor a história consulte História Oral da Revolução de 1964 - ed. Bibliex em 12 volumes. Em tempo: não li os 12 volumes, mas estou quase  certo que na coletânea apenas um cassado teve acesso a falar: meu pai. Quando o governo FHC tentou entregar o Centro de Lançamento de Alcântara ao governo dos EUA, meu pai se destacou entre as dezenas de militares que ajudaram o Congresso o cancelamento de tal acordo espúrio ao interesse do Brasil.

8º É Presidente da ADNAM (Associação Democrática Nacionalista dos Militares) que luta até pelo cumprimento da Anistia da Constituição de 1988, Presidente da AMICI, associação que luta pelos direitos dos aeronautas impedidos de exercer a profissão decorrente da Portaria Reservada da Aeronáutica, Vice-Presidente do MODECON (Movimento de Defesa da Economia Nacional) fundada pelo Dr. Barbosa Lima Sobrinho e CNDDA de defesa da Amazônia.

Senhor jornalista Vasconcelo Quadros a LIBERDADE DE IMPRENSA é um dos baluartes da DEMOCRACIA. Meu pai com seus atuais 88 anos não parou de lutar pela DEMOCRACIA, LIBERDADE E SOBERANIA DO BRASIL. LIBERDADE para ele é um DOGMA SAGRADO e para mim também. Assim, constitui a ter a Liberdade de emitir pela imprensa seus conceitos e opiniões, mas sem deboche, falando a VERDADE, INFORMANDO seus leitores, no caso presente, os valores que deverão ser pago aos VELHOS PILOTOS CASSADOS estão muito aquém do que deveriam receber. É um DIREITO de quem foi atingido num dos DIREITOS SAGRADOS DO SER HUMANO: O DIREITO AO TRABALHO, assim reza o Código dos Direitos Humanos publicado pela ONU em 1948, onde o Brasil é um dos seus signatários.

Quanto a mim, estou exercendo também o direito de leitor e cidadão ao defender meu pai. Seu artigo o classifico como LEVIANO, DEBOCHADO, NÃO VERDADEIRO AOS FATOS e mais além DESRESPEITOSO ÀS PESSOAS CITADAS.

Espero que carta seja publicada e, para tanto conto com o ético, integro e competente jornalista WILSON FIGUEIREDO, um dos sustentáculos do JORNAL DO BRASIL, ainda em atividade. Sou leitor de sua coluna, foi esses grande jornalista que abriu uma página inteira do Jornal do Brasil para uma entrevista do meu pai, logo após a queda da Ditadura iniciada em Primeiro de Abril de 1964.

Atenciosamente

Pedro Luiz Moreira Lima